Parecer técnico do professor da UFSCar Pablo Arantes desmascara a “prova” apresentada por Moro e usada pelo TRF-4 para afastar Eduardo Appio dos processos da Lava Jato
247 – A voz que aparece na gravação entregue pelo ex-juiz suspeito e senador, Sérgio Moro, ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) não pode ser atribuída à do juiz federal Eduardo Appio. É o que atesta um parecer técnico do professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Pablo Arantes.
A gravação foi utilizada pelo TRF-4 para afastar Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba, que julga os processos da Lava Jato. O estudo do professor e pesquisador em fonética forense foi feito a pedido da defesa do magistrado.
“A razão para essa conclusão são a inespecificidade e baixo poder discriminatório das características linguísticas identificadas e analisadas no Laudo”, afirma o professor da UFSCar.
Leia a íntegra do parecer do professor Pablo Arantes sobre a gravação entregue por Sérgio Moro ao TRF-4 e utilizada como prova para afastar Eduardo Appio:
Moro revela participação no afastamento do juiz Appio: “fiquei sabendo, recolhi o material e entregamos ao Tribunal”
Em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, Sérgio Moro revelou que já estava ciente da suposta ligação entre Eduardo Appio e o filho do desembargador Marcelo Malucelli, e que ajudou a denunciar o caso ao TRF-4.
“Na época dos fatos, fiquei sabendo e fiquei perplexo. Recolhi as provas e entregamos ao Tribunal. Após isso, me afastei do assunto.” Segundo Moro explicou na tarde desta terça-feira (23), João Malucelli, sócio do casal Moro e filho do desembargador Marcelo Malucelli, mostrou a ele um vídeo que registrava a suposta ligação telefônica feita por Appio.
A falsa ligação entre Appio e João Malucelli ocorreu em 13 de abril de 2023. Appio foi afastado de sua carga pelo TRF-4 no dia 22 de maio. Segundo o TRF-4, Appio acessou informações de eficácia de Malucelli no sistema interno da justiça federal e, em seguida, teria ligado para seu filho para confirmar a relação familiar. No entanto, ao final da conversa, ele teria feito uma provocação que foi interpretada por Moro e pelos conselheiros do TRF-4 como uma “ameaça” ao desembargador e seu filho.
O advogado João Malucelli, que é namorado da filha de Sergio Moro e sócia de Rosangela Moro em um escritório de advocacia no Paraná, está envolvido nessa situação. Seu pai, Marcelo Malucelli, desembargador do TRF-4, precisou se afastar de processos relacionados ao advogado Rodrigo Tacla Duran, que denuncia ter sido vítima de extorsão de Moro e Dallagno, após uma intimidade entre as famílias Moro e Malucelli ser exposta pela imprensa.